Já ninguém escreve cartas de amor. Talvez porque se tornou demasiado piroso ou porque são de facto muito pirosos a maioria dos que as escrevem ou talvez ainda porque poucos as sabem fazer. É uma dúvida que me assola. Porquê? Porque na verdade seriam todos escritores eloquentes no tempo de antigamente? E o que é necessário para escrever uma carta de amor? Pois eu acho que o jeito conta para pouco se é o sentimento que vai ser analisado. Na verdade é o sentimento que deve sempre ser analisado. Uma carta de amor se não tiver sentimento não é nada, é somente uma folha de papel com linha e umas letras vazias, tão vazias quanto um balancete de contabilidade. E a carta de amor é vazia se não for lida para quem foi escrita, como se só essa pessoa tivesse o código para a decifrar. Por isso quem a escreve tem medo de ser gozado, porque não existe quem não as tenha feito, nem que seja em pensamento, nem que seja em sonho, nem que seja falando, com quando dizemos algo brilhante que não conseguimos repetir. Sim as cartas de amor são muito paneleiras. Mas o amor é paneleiro e ainda bem que o é.
No fundo Francisco sempre padeceu de um narcisimo que já esteve mais longe de se inserir naquela mania de superioridade europeia que sempre considerou (e considera) insuportável, mas que sempre o fez rir, porque não existe nada melhor que gente sem noção da sua pretensiosidade. Em suma, nada o diverte mais que os "pseudos" da sociedade, mesmo quando se trata do seu projecto de pessoa.
Um dos pseudos que sempre observou, algumas vezes tendo mesmo manejado estes pseudos literalmente entenda-se, foram as "pseudo" provocantes, meninas que acham que são boazonas, giraças, chamem-lhe o que quiserem. E algumas são!, casos que, se retira o pseudo. O problema são aquelas que não são, não que as que o são sejam menos rídiculas atenção, só mesmo porque não têm tanta razão para se "acharem" com as que o são de facto. Acha que compreende, sem que na verdade concorde, porque tentam meter fotos em profiles de uma qualquer social utility, onde tentam mostrar as mamas que só o soutien alcochoado lhes permite ter, a barriga que só metendo o estômago para dentro parece estar quase em forma e o rabo com o qual nunca estão contentes, mas até que aquelas calças o fazem bastante apreciável. Não pensem que considera a vaidade uma futilidade, fazemos bem em ser vaidoso, mas como tudo na vida tudo deve ser q.b. e sempre com noção para não caírmos no rídiculo.
Que pretendem esta grande maioria de miudos e miudas da nossa sociedade, mesmo os com mais de 20 anos? Ir de encontro às expectativas de uma sociedade materialista? Ou esconder o facto de que não têm nada de interessante para dizer, coisa que só vos preocupa à noite no silêncio da cama, quando não estão rodeados dos vossos amigos igualmente ignorantes, igualmente contentes por não serem assim tão desinteressantes, mas que na verdade são?
É que honestamente já ninguém é envergonhado. Porque já todos somos os maiores. Só se é envergonhado quando se é feio ou para fazer jogo de menina pura. A vergonha está directamente ligada ao grau de beleza e quando não está, não é infelizmente sinal de nada de bom. Mas devia. Porque raio é que somos todos SÓ materialistas? Sim porque não é contra o materialismo, sabe o quanto adora um bom corpo, uma mulher bem vestida, um sorriso bonito. Fazem parte das coisas boas da vida. Mas se isto não estiver ligado a uma pessoa interessante, cativante, preocupada com algo que não o seu próprio ego, vale mais que uma noite de sexo, duas se for boa na cama? Não, acha que não. E francamente acha que só pode ser muita cega de alma a pessoa que sendo deste modo, 99% das mulheres com quem esteve até hoje, não entende porque não lhe ligou mais após aquela noite.
Acha que as pessoas deviam ter menos preocupações sobre rapazes e raparigas, ser mais seguras de si mesmas, estar mais desligadas dos materialismos, ter uma visão mais alargada da realidade. E acha rídicula que só conheça uma mão cheia de pessoas assim. É uma pessoa assim que procura.
Sabe que é por ser tão pretensioso, tão exigente com os outros à sua volta, que raramente pôs a hipótese de ter algo sério com alguém. Adora ser arrogante quando é, mas não gosta menos de ser prestável quando o tem que ser. Por ele raramente alguma está mesmo mal no que toca a si mesmo. Mas sempre foi a desilusão do nada que o rodeio, com a ridicularidade que sempre lhe parece as relações dos seus amigos e conhecidos à sua volta que o mais assustou. O modo como começavam, por carência ou por ser "o melhor que se arranja até se conseguir uma miuda mais gira", duas coisas nunca assumidas mas sempre facilmente subentendidas, como discutiam e tinham ciumes quase numa lógica de "tem de ser" (mas tem de ser porquê? gosta-se mais de alguém porque se fazem cenas de ciumes horriveis, ou provas de amor envolvendo relogios com a fotografia do casal? Ok esta última claramente é preciso ter uns tomates gigantes para se andar com um relógio destes, I'll give you that).
Diz isto tudo, tal como dizia antes, mesmo estando apaixonado. Já não nega. Sabe que é verdade. Quanto a isso acha que pode ser o início de algo muito bonito. Se vai ser, não sabe, sabe apenas que por agora tudo corre bem, mas também sabe pelo que viu á sua volta e alguma experiência própria tudo corre bem ao ínicio. Acha que se existir honestidade e partilhas de prismas quanto ao modo como viver algo em comum, no fundo partilha de valores, é mais que meio caminho andado para se ser feliz e Franciso sente que encontrou alguém assim. Pensa isto entre dois beijos a Inês, enquanto a olha nos olhos e pensa que já não quer perceber toda a futilidade do mundo, toda a arrogância em nada construtitiva, prefere nunca sair da idade dos porquês ou simplesmente considerar que existem coisas que não vale a pena que nos preocupemos por muito que sejam parte importante para que se perceba o porquê da infelicidade de muita gente. Não são da sua isso é certo. Olha-a mais uma vez nos olhos, observa o seu sorriso e sente que as mil dúvidas quanto a existência humana que o atormentam são substituidas por uma calma que o faz sorrir.
And you know what? He kind of likes it.
Vai num passo apressado, aproveitando todas as possibilidades de cortar caminho, quase atropelando dois turistas, mas nada o faz abrandar o passo e reduzir a ansiedade. Quando já à porta do café, percebe que os turistas eram duas suecas (need I to say more?) às quais ele nem sequer deitou olhos de ver, revolta-se, assusta-se mesmo e pensa que o caso é bem mais grave do que o que ele tinha previamente suposto.
Epah mas que merda, dá para uma vez em que preciso mesmo de vir cá, para vocês não estarem fechados?', pensa ao dar com a porta do seu "Pois" fechada. Óbvio, são só 10h30. Frustado por ter que esperar meia hora, acaba por se senter à porta, pois não quer ter que pensar em mais nada, tomar qualquer tipo de decisões, são 10h30 porra, devia era tar a dormir, quero que se lixe, agora espero.
Sentado, antes de ficar absorto nos pensamentos, espécie de estado vegetativo (rídiculo) que por vezes o apanha desprevenido, observa com requintes de taradez, o peito de uma milf que passando do outro lado rua, que decerto adorou aquele elogiou silencioso, pois o sorriso que fez quando cruzamos olhares foi de quem agradece, talvez também adore o elogio dos trolhas, no fundo não passa de mais uma labrega, apesar dos pontos positivos que aquele relevo "pulmonar" marcam a seu favor' pensa.
Mas a triste verdade é que não sentiu claro prazer com aquela observação. Sentia que era forçada, que passava sem ela, tal como passava sem observar as "touristes" dá'pouco. Nisto um frio percorre-lhe a espinha, assusta-se com os sintomas que qualquer médico já não teria dúvidas quanto á patologia e nisto lembra-se do sketch do Gato Fedorento, até que lhe fazia agora jeito ter ali um Fernando para o relembrar que nunca tinha visto um caso "tããã grave" e me curasse daquele estado', que só não apelidava de paneleiro porque vá lá, era dele mesmo que se está a falar.
É que reparem, nem é porque está muito apaixonado ou algo do género. Quer dizer, inegável o fascínio e a vontade de estar perto dela. Simplesmente sente-se o maior trapalhão quando está junto de Inês, tem as mãos sempre suadas (o que o faz sentir um miúdo de 14 anos), acha-se chato a cada palavra que diz, tem que fazer um esforço gigante para não ficar com ar de estúpido o olhar para os seus olhos e lhe dar um beijo a cada sorriso.
Só mais tarde quando a começa a ver ao longe, no outro lado da estação do Metro da Campo Pequeno e a vê a vir na sua direcção que percebe que gosta de tudo isto, que gosta de estar assim, que sempre percebeu perfeitamente tudo, era o medo de ser rotulado como um daqueles tipos ridículos, melosos em excesso, controladores instantâneos e a todo e cada minuto das 24 horas que tem o dia através das mensagem do telemóvel. Bem, no fundo, tinha medo ser mais um daqueles cliché, que gozava. Mas já percebeu que não é ou pelo menos acha que não é, porque atenção, nunca confiar muito nas opiniões racionais de um tipo que se encontra no estado de Francisco.
É quando ela já está quase ali perto dele em, em que já sente o seu perfume e sabe que os seus lábios estão quase a tocar nos dela, que serenamente pensa que sim que isto é tudo "muita" paneleiro, mas que ele até não se importa, que não se vai acobardar como sempre, que por ele, dando pequenos passos todos os dias até que um dos dois se farte de andar, vai continuar assim, parvo, passível de ser rotulado "caso tããã grave". Nisto Inês chega, beijam-se e tirando um ménage à trois com duas ninfo's suecas, sabe que é ali que quer estar.
E é deste modo que, arruinando com uma tirada perfeitamente desnecessária um texto genuninamente sentimental (para não dizer coisas piores) que Francisco lhe agradece aquela semana.
Mas quem é que disse que de minha casa aos Restauradores são só 15m? Que atrasados, que bestas, estou nisto à horas e nunca mais chego lá. Já tou todo suado, lindo serviço. A aparente calma e ar envergonhado que apresenta por fora, contrasta com pânico e confusão típica de um cenário de combate que lhe assola a alma e o desnorteia. De facto a viagem leva mais que 15m, mas só porque Francisco já se enganou 4 vezes ao virar em ruas erradas, optou por 3 ruas sem saída e muitas vezes simplesmente ficou parado sem saber para onde ir, logo ele, que conhece Lisboa tão bem.
Sabe perfeitamente porque está assim, mas se alguém perguntar prefere mentir. Conhecido pelas paixões frívolas, de uma noite só, até ao extase e o consequente cigarro, pessoa racional, independente, tem um dominio sobre o sentimento de facto notável. Ora então como me foi isto acontecer? Sim era o "isto" que lhe tinha posto assim, deitando por terra as suas teorias racionais sobre as quais tinha gasto horas a fio, talvez dias mesmo. Em suma, está apaixonado.
Típico player, pessoa de raras paixões, odeia tanto quanto adora sentir-se assim, motivado. Porque a este nervosismo antecedeu-se algo fantástico na vida de um apático: sentiu vontade. Sentiu vontade de estar ao pé de, de conhecer, curiosidade em descobrir quem ela é de facto, a sua história até ao dia que a conheceu, os sonhos que a guiam num futuro a curto/longo prazo.
Porque segundo Francisco existe pouca gente interessante e que valha a pena para além de uma noite de sexo, muitas que nem isso valem. Como costuma dizer para quem quer ouvir, e até para que não quer, poucas foram as mulheres na minha vida em que tive mesmo gosto de estar à conversa com elas, em que a minha atenção pelos barbaridades e coisas de pouco interesse que diziam não fossem guiadas somente por um objectivo só. Bem sobre isso não preciso falar, porque a este ponto já perceberam qual. É uma arrogância e um narcisismo gigantes, que fazem parte da sua personalidade tal como a àgua faz parte do gelo. Indissociável portanto.
E foi assim que, após algum desespero, nunca confirmado a ninguém, que após ano e muito de não encontrar ninguém que de facto o motivasse mesmo, que o deixasse neste nervosismo absurdo mas sincero, encontrou Inês.
O facto de que paixões tão repentinas são típicas naquele tipo de gajos (e miudas também) rídiculos que conhecem hoje, amam amanhã e querer casar no fim-de-semana, irrita-o, porque como leu em algum lado, hoje em dia os namorados e os apaixonados são todos uns cobardes, incapazes do que seja, escondem-se atrás do controle que o telemóvel permite, não há magia, não há surpresa, só o que é certo que corra bem, não há, acima de tudo, risco. Pudera, com bestas como aquelas, o mais razoavel e equilibrado dos seres humanos que se ponha com grandes voos acaba sempre visto como um desequilibrado carente. Sim porque cada vez mais, a aparência nesta sociedade de aparências é tudo.
Mas Francisco aprendeu a não ligar a isso e a muito mais. Não tem vergonha de dizer "tu fascinas-me", porque sabe que isso tem um valor para si, não significa que já ame loucamente. Amar, isso talvez nem exista e se existe não é da noite para o dia que se sente.
E foi "isso" que Inês lhe fez. Fascinou-o. Mal a viu ia jurar que lhe tremeu os joelhos, que o .coração bateu tanto que sentiu que ia rebentar e que nunca disse piadas tão parvas a ninguém. E da história de Francisco e Inês é isto que se sabe ou isto que se soube. A ver vamos se será uma história com presente e futuro ou algo do passado. Foram estes os últimos pensamentos que lhe passearam pelas ideias, quando a viu ao longe e mais uma vez viu aquele sorriso que lhe parece é a cada dia mais lindo. Nisto, la estava ela a dois passos dele, com um brilho nos olhos que ia jurar que já tinha visto nalgum lado.
Sentado no sofá na solidão daquela velha casa, outrora lugar de vida, Jorge sentia-se abafado pelas paredes que pareciam imensas, infinitas e ao mesmo tempo como que a sufoca-lo. A dor consumia-o de tal modo que não sentia o corpo, era como se não fosse mais seu e se ainda de algum modo poderia ser considerado seu, certo era que o percorria uma inércia, como se se tivesse tornado uma pedra, que só a força paciente do tempo desgastaria até ao esquecimento. Perguntava-se como poderia suportam alguém aquela dor que persistia em si, que lhe cegava à voz e lhe amordaçava a alma.
Naquele momento não sentia mais nada. Talvez fosse da droga, enquanto olhava para a seringa que momentos antes tinha perfurado entre dois dos dedos do seu pé esquerdo, pé com que sempre tinha dado o primeiro passo na vida, último reduto ainda não marcado ou ferido no seu corpo que podia facilmente esconder. Na confusão conseguia ainda pensar que o contínuo aumento nas doses daquela sua morfina, eram cada vez mais de pouca consequência e efeito.
Felizmente, pensava, o seu telefone já não tocava, a campainha já não apitava. Desde aquele dia que todo à volta dele secava, nem as suas amizades mais fortes, nem a preocupação genuína de quem o amava resistiram à sua obstinada auto-destruição. Jorge preferia assim. No emprego sabia que o despedimento estava próximo, quanto muito por simpatia ou pena iam deixar que o contracto que estava quase a chegar ao fim terminasse. Porque ninguém o percebia, ninguém o entendia!!
Como tinha chegado àquele ponto? Toda a sua vida tinha sido fonte de alegria, ombro de muitas lágrimas, pessoa de uma energia e vontade de viver únicas. Por este facto nunca ninguém sabe como um dia deixou de ser tudo isto.
Aos primeiros sintomas a preocupação geral acreditou que se tratava de uma depressão ou simplesmente tinha ficado louco. Os seus pais, alegando direitos de educação e obrigação intemporais, internaram-no, e após escassos dias os médicos anunciavam milagre, diziam-no curado. Contudo este não foi mais que um derradeiro esforço por se comportar como os médicos, os seus pais e amigos, o mundo em geral, esperava que ele, um homem de 28 anos, solteiro com uma vida perfeita e de sucesso, se devia comportar. De facto não foi complicado porque mentir sempre tinha sido algo que sabia fazer como ninguém. O que ninguém reparou foi no como os seus olhos se tinham tornado uma janela para o nada, onde o vazio era dominado por um ódio silencioso. Nunca ninguém repara, a nossa preocupação tendencialmente de auto-satisfação só deixa perceber até onde o ego permite ver. Desse momento ao fundo do poço foi em queda livre que o tempo passou, sem que ninguém tenha reparado até que fosse muito tarde.
A droga começava a fazer efeito, mas uma estranha moleza que conseguía fechar os seus olhos esgazeados, rapidamente o dominou. Contudo de repente lembrou-se daquilo que o seu subconsciente já tinha como mestria recalcado, lembrou-se do inicio, do como, reviu tudo na sua mente e foi como se a dor o estivesse abrindo ao meio de novo, sentiu que não ia aguentar. De repente desmaiou e já sem que tenha visto o seu triste fim, a cabeça vermelha do afluxo sanguíneo, os olhos da mesma cor prontos a saltar da órbita e uma espuma que lhe cobria a boca e o peito...
De repente acorda, o despertador, como sempre, não perdoa.
Sentia-se como sempre noutra realidade, num misto de um torpor físico e da confusão da ressaca, abrindo os olhos até onde o clarear o permitia. Do sofá via a seringa na mesa e pensou se seria hoje que a seringa lhe tiraria finalmente toda a sua angústia e toda a sua dor.
Todos nós temos amigos. Se é dos que de modo pouco saudável acreditam no conceito “dos melhores amigos” em quem confiamos cegamente, seja dos que mais sensatamente vivem as amizades sem necessidades de excesso, todos temos os nossos manos e sisters.
Todos nós, mesmos os sensatos, temos preferências nas amizades, seja porque questões de identificação, seja por questões de preferência pessoal, o facto é que existem hierarquias de amizades.
Manuel, Manel como os amigos lhe chamam, Nelinho como a mãe o decide continuar a humilhar em frente aos amigos, depara-se com um drama relacionado com amizades. Só a palavra drama dá-lhe vómitos, e por favor amigos nunca deviam provocar mais que uma leve irritação cutânea, seguida de um arroto e do planeamento do que fazer logo à noite. Porque tão simples quanto isto, amigos não devem ser fontes de problemas por questões de críticas que nos façam directa ou indirectamente, se não estiverem dispostos a assumir que estão errados, que deviam por vezes ter pensado melhor. O conceito de amigo, pelo menos o conceito mais saudável, implica sinceridade, uma certa admiração, não estar sempre a criticar. Isto pelo menos para ser saudável.
Ora isto era o que Manel pensava. Enquanto puto de 21 anos, Manel para além de estar a pensar nisto estava a pensar no quanto tava a ser estúpido de tar a pensar nisto, já começando a ficar zangado consigo mesmo, porque claramente a miúda de logo à noite, pede que ele faça um delinear de um plano, de uma estratégia para que seja um score garantido (tem que ser, se gostas de mim Deus, se sequer existas, não me fodas), tem toda uma wining streak a manter.
Contudo nem as excelentes vistas do bar da praia das Avencas o estavam a demover dos seus problemas. Resignado, Manel indagou, sabendo à priori que isso era um pouco gay no sentido que eram lamechice sem sentido (existe alguma com verdadeiro sentido?) que o afectavam. BAH!!
Manel começou por considerar que de facto era uma pessoa normal. Até aqui tudo bem, cometia erros, cometiam erros c ele, é assim com toda a gente, ponto. Claro que é da opinião que as pessoas são muito egocêntricas em sociedade, por isso estão sempre a criticar os outros como se o resto do mundo não fosse mais que planetas à volta de um sol. Pior era mesmo que não vissem que estão a ser muito egocêntricas, potencialmente injustas, e mesmo quando sentem dúvida basta alguém que concorde com elas, não interessa se quem concorda não sabe bem o tema, está so a ouvir um lado, é igualmente irracional ou não, para voltarem a ter a certeza absoluta. Daí que, por exemplo, em democracia até se fale das ditaduras da maioria. Isso revela-se num exemplo muito simples: temos uma mesa à nossa frente, de cor preta, não há que enganar, preta como o breu, mais preto não há. E nós calmamente perante esse facto concluímos: é preta. Contudo somos muitas vezes confrontados com a opinião da maioria que diz que não, que é amarela às pintinhas roxas. E como são a maioria, não só detêm a razão, como ficam com certezas absolutas. È frustrante mas é assim que a sociedade funciona.
Não é que Manel se ache o centro da razão, não é isso! Mas tenta sempre ser racional e sensato, algo que nem sempre é fácil se deixarmos que se intrometa sentimento há questão, mas que também ser sensato não é impossível, começa-se por se perceber que não se é o centro do mundo, e por analisar calmamento os problemas e já se está bem encaminhado se é equilíbrio de análise que se procura.
Nisto Manel quase se distraiu com uma mulata linda de morrer, mas nem isso o afastou deste pensamento. Continuando, enquanto enrolava uma, já sentado no areal, perguntava-se porque raio gostava tanto daquela amiga. A sua amizade tinha sido algo sempre reconhecido pelos seus amigos, caracterizado com muitas discussões.
Contudo no útlimo ano Manel decidiu analisar o percurso dessa amizade, que ele considerava importante como poucas, arrogante de que tinha sido sensato ao ter construído aquela amizade, talvez mesmo importante para ele como nenhuma. Nessa análise, para perceber a evolução e tentar chegar uma conclusão, decidiu fazer uma lista, por muito que fosse considerado um só lado da história. Que é outra coisa gira da sociedade: existem dois lados da história, estranhamente ninguém procura ver qual é o mais sensato, como se isso fosse ser faccioso. É de certo o medo da escolha. As pessoas são também grosso modo cobardes. Ou então don’t really give a shit. O que se for esta última a razão, percebo. As outras toleram-se.
Voltando à lista, Manel pegou numa folha um pouco amassada que tinha na mochila, que não era mais que a folha de rascunho do exame que tinha feito naquele dia, tirou a caneta que cravou antes do exame, e olhando o sol que se punha, numa imagem digna de um momento kodak, procurou forças dentro dele para se concentrar (Manel distraí-se com tudo, é provavelmente o ser humano que mais facilmente se perde), como forças para remexer nisto. Ora bem, parando aqui para uma análise importante ao pensamento “força para remexer nisto”. Fez o que era obrigatório fazer numa situação desta gravidade: riu-se da lamechice e pensou “que paneleiro!”. Num último esforço pega na caneta e começa:
“- Como é sabido sempre a tratei melhor que ninguém, algo que te confundiu no início da amizade, e que ainda hoje é confundido por quem está a volta VS Se tratas-te ou deixas-te de tratar foi porque quiseste, não te ponhas com merdas agora.
- Discussões – Ao avaliar as causas das discussões concluí que não só me contive algumas vezes, como quanto mais o fazia maior e mais frequente era a agressividade, porventura por ter sido mal habituada, para mais mesmo quando entrava em discussão ainda ficava mais zangada VS Aqui fui estúpido claramente! - porventura cerne da questão esta tua permissividade.
- Descoberta recente, de que ela criticava tudo e todos comigo, achando eu que era desabafo, mas afinal também fazia o oposto, falando normalmente de mim aos outros, pessoas várias, minhas amigas, com interpretações absurdas, que numa fase de maior demência, enquadravam o “quanto eu preciso de acompanhamento psicológico” ou então o all time best “que ela era o centro da minha vida”. Pior este comportamento analítico, fazia entre toda a gente com toda a gente. Muito pior que isso eu sabia disto em parte mas nunca relevei, nunca fiz uma conexão VS pah fico sem palavras perante a tua estupidez…
- O seu comportamento progressivamente egocêntrico e levemente desequilibrado foi piorando, tendo ela perdido contacto com a realidade há muito, sendo algo que muitos tinham reparado, só tu é que não viste e foste permitindo certas coisas VS a cegueira não é uma desculpa - nota mental: espancar-me quando chegar a casa, só não agora, porque em público pode ser humilhante.
- Apesar disto tudo, mesmo quando tu, numa senda de “ursisse” agressiva, até aceitas ser também culpa tua por teres permitido e errado ao responder aos modos e às críticas, ela acha que está cheia de razão. Felizmente neste caso só o mundo dela pode achar q está certo - Amigos preocupados com egocentrismo excessivo e ligeiro desequilíbrio.
Resultado: Pah se lhe voltas dirigir a palavra, a nutrir um pingo de respeito, és o maior atrasado de sempre.”
Contente com o seu progresso Manel lê pausadamente a folha mais uma vez e pensa no ridículo do assunto. Não nega que se sente magoado como provavelmente nunca ninguém o magoou, ficando apreensivo por um minuto, depois sorrindo ao perceber que toda a situação tinha sido uma experiência muito importante, um daqueles ensinamentos de vida que pouco vale te dizerem que é errado, tem que se ir lá marrar com os cornos na parede.
Sentia que tinha perdido uma amiga naquele momento. Surpreendentemente não lhe estava a custar assim tanto. Mas sente que se tornou melhor pessoa com esta lição. Ao perceber que já eram sete e tinha combinado em Lisboa as 20h30 “Merda!”, levantou-se de um pulo, esquecendo-se da folha na areia, começou a correr em direcção à estação, em direcção ao seu futuro.
A folha ficou para trás, tal como esta sua amiga nunca mais foi fonte de nada. Tornou-se indiferente. Anos passaram, amigos mudaram, outros ficaram. Certo dia, uns bons vinte anos depois, sentado no mesmo local onde a esqueceu, pergunta-se como ela estará, com uma certa curiosidade misturada com uma saudade ligeira, se terá conseguido mesmo assim ser feliz. Sorriu.
Este texto dedico-te aCdr. Best of lucks.
"See you in another life brother"
Sem que o mundo tenha algum dia chegado a perceber, naquele momento a história da humanidade esteve muito perto de ser alterada para sempre. Contudo, esse momento único, prometia ser só mais uma noite de Sexta na vida de João, daquelas em que o quadro se pinta de solidão, tirando a companhia do maço de cigarros que lhe dura pouco mais que cada um dos seus relacionamentos e da já customeira garrafa de Whisky barato que se torna com o tempo o seu compromisso mais seguro. Era somente mais um daqueles seus momentos, espaços temporais dos quais ele raramente se lembrava na manhã seguinte, onde os seus habituais pensamentos eram absorvidos com medo pelas paredes que o rodeavam. Era só mais um longo serão, em que os dramas existenciais, liderados por um egocentrismo que quase não se dá por ele, mas que o absorve por completo e que nunca ninguém o soube definir do modo correcto, o corroía, daquele seu jeito de infelicidade catatónica, sem grande stress, com os brados de injustiça moderados de um ser supostamente racional e adepto do primado da sensatez filosófica sobre o sentimento e o sentimental, perante uma arrogância filha da ignorância que o rodeava, das pobres almas que via na televisão aos seus pais.
O João, ou Jonhy, como os cromos dos seus amigos, típicos promotores de todas as futilidades e manias que se podem imaginar, o chamam, é aquele homem, rapaz, puto, que se sentia mais um “deslocado”, sentimento que sempre o assolou, para ele sentimento demasiado paneleiro, pois nunca gostou do lado demasiado “Goodbye Stranger” desse facto. A sua vida foi uma sucessão de momentos moderados, onde ele progressivamente se foi apercebendo da sua infelicidade e do modo resignado com que lidava com ela, com um ou dois copos de Whisky só para a tragar melhor. E no fundo, esta resignação consciente, era onde ele comprovava o quanto era inteligente, o quanto era emocionalmente desenvolvido. No fundo o quanto ele era perfeito, por muito que uma sociedade fútil não o visse. What the hell, not his problem.
Enquanto pessoa moderna que se achava, apesar de se considerar igualmente um baluarte da moral e de valores de respeito ao próximo, sempre sentiu que era um exemplo nos relacionamentos mesmo naqueles (maioria) que duravam quanto muito até ao momento em que após um último esforço, se virava e encostava na cama à procura do maço e do isqueiro.
Pouco mais havia a dizer de João. Era um egocêntrico, narcisista, convencido, com um claro complexo de superioridade, se bem que na sua óptica um incompreendido, que ligou a televisão naquela noite de ressaca, após um 28º aniversário festejado como manda o protocolo. O seu objectivo era somente, como sempre, sem que se apercebesse, passar uma noite onde se elogiaria profundamente através dos erros dos outros, enquanto esperava que o café do senhor Zé abrisse para ele ir tomar a bica que o faria aguentar mais um Sábado, que sim, até aos Sábados o obrigavam a trabalhar, pensava com revolta.
Não se consegue agora precisar qual foi o momento exacto que percebeu, ou o que o levou àquela conclusão que o Homem tinha ansiado desde a primeira vez que uma das sua evoluções dos primatas pensou, a epifania que todo o pensador desejou. De repente, tudo fez sentido. Não era que fosse pior que ninguém, só que a higiene moral onde pensava que habitava, era a mesma latrina que todos frequentavam! Amava-se tanto que nunca conseguiu amar verdadeiramente ninguém, era mais um cabrão, mais um infeliz, mais um peão dessa realidade que de real só as nossas projecções conjuntas, que nunca fez nada para melhorar o que criticava, que nunca fez nada de melhor que aqueles que dizia serem medíocres. Tão cego de si próprio nunca tinha conseguido ver isto! Este ímpeto inicial, de Colombo ao avistar a América, esvaneceu-se ao perceber que inconscientemente já sabia de tudo isto. Até aqui nada de novo pensou.
E foi então que o clímax de toda a História da Humanidade se deu, que a resposta para o seu mal, para o mal do mundo, para o fim da fome e da infelicidade o atingiu. Espantado ao perceber o que tinha descoberto, a sua típica atitude surumbática só lhe permitiu contudo, virar o copo de uma vez e apagar o cigarro antes de fechar os olhos, deitado no sofá, como se dormir fosse o prémio da sua revelação. De olhos fechados sentiu-se de repente completo, preparado para mudar tudo. João, sentia, ou pelo menos pensava q sentia, já tinham passados muitos desde a última vez que isso tinha acontecido. Less drama beauty Queen, pensou, deixa-te de merdas. Focando novamente a sua descoberta, só desejou que a manhã seguinte chegasse tão rápido quanto o sono o permitisse. Ia mudar o mundo, revolucionar a realidade social, implementar um novo sistema económico, tornar a demagogia politica, numa política de facto, trazer paz e harmonia para todos. Não ia ser fácil, mas sentia que iria conseguir. Tinha a solução para tudo! Qual?.. Sentiu de repente medo de pôr em papel não fosse o papel o trair, do o dizer alto, porque as paredes como se sabe são desbocadas. Não, pensou desconfiado, amanhã decido o que fazer. Suspirou e rapidamente adormeceu.
A sua empregada, sorrindo do seu fim-de-semana no avançado que tinha Costa, foi a primeira pessoa que o viu após este episódio que prometia ser o ponto de viragem da Humanidade. Para lá do cheiro nauseabundo que sentiu ao abrir a porta, e do grito de pânico ao o encontrar deitado no sofá, inerte, com o seu habitual bronze numa mistura de roxo e verde, não deixou de ficar impressionada, como todos os que o viram depois, com aquele sorriso sereno que a cara de João vestia. No único momento que precisava de viver, que ia fazer algo de útil pelo Mundo, o seu coração, mal tratado por anos de uma vida pouco recomendável, falhou, um ataque cardíaco fulminante fez João chegar ao Game Over sem que sequer se tenha apercebido.
João ia de facto mudar o mundo se não tivesse morrido. Mas já não vai. De facto, os “Joões” deste mundo nunca são poupados, pois o Universo, com um típico humor negro, nunca vai permitir que alguém chegue ao final do jogo, derrote o último Boss, veja a sequência final que todos querem ver e viva para contar. E nós, mesmo que por cá permaneçamos por mais um tempo, na ignorância infinita, também só duramos até o Universo se aborrecer das nossas vidas mesquinhas e fúteis. Está é a “lei de João”, por muito que ninguém saiba da sua existência e o mundo rode, como sempre, na ignorância de tal facto.
Acende o cigarro, prémio de consolação de pouca duração, e sorri, sorri de forma triste, sorriso com que engana todos os dias todos os que o rodeiam. Caminha e pensa no quanto não ter acordado hoje tinha sido uma opção bastante viável. Tem dias assim, dias onde por favor não me digam mais uma piada estúpida, onde não me mandem o quanto vocês são fantásticos mas não passam de inseguros, quais animais darwinistas fighting for survival. Não percebe essa necessidade mas sabe que entra no jogo, jogo que joga bastante bem diz quem sabe, mas sabe também que está cansado. Está cansado dos outros, está cansado dele e não sabe como chegou a aquele ponto. Fantástico como é tem que ser amado por toda a gente (mesmo que não ame realmente ninguém) e não suporta cair do pedastal para a latrina (por muito que nunca mais lhe ver a cara não fosse nada que lhe fizesse diferença).
Encontra uma explanada aberta e senta-se frustrado por não poder partilhar estes sentimentos e frustrações com ninguém, porque todos os seus amigos, como a sociedade em geral, são todos psicólogos de café de bairro, prontos a fazer uma análise, prontos a ter um julgamento preparado. Mesmo que seja bom, despreza esse comportamento, despreza a arrogância dos outros, despreza a sua arrogância se bem que de todas considera a mais aturável porque sabe como dentro de todo o seu ego, se sente humilde, se sente boa pessoa. Não entende bem como certas pessoas o julgam e lida mal com o julgamento de aqueles que o "conhecem bem", apesar de julgar todos, tendencialmente por baixo. Não entende como se pode ser amado e de amado a desprezado, pior, não sabe como isto tudo lhe preocupa. E pensa que se alguém estivesse a ler os seu pensamentos neste preciso momento estaria já a dizer o quanto está a ser egocêntrico, o quanto é normal que se sinta assim porque todos precisamos uns dos outros, blá, blá, blá.. Sabe que sente enorme desprezo por essa pretensão, essa necessidade de avaliar. Por isso prefere se sentar sozinho, beber um café só e a caminho de casa fumar o seu cigarro, que não chateia e não se põe com mania que é o dr.phill. É que já nem quer ter razão, razão que sempre achou que fosse o cerne da questão. Não lhe vale de nada a razão e se não lhe vale de nada a razão, pensa se alguma coisa valerá mesmo a pena.
O céu de repente tapa-se, tempo de merda, inaceitável para este mês, revê o quanto é infeliz e sorri, sorri porque sabe que aguenta na boa, sempre aguentou mas francamente já teve mais paciência. Aprendeu a sorrir melhor contudo e a esconder melhor que está farto. Definitivamente farto. Ri-se da pequenez dos seus problemas, da pretensiosidade que sente, da arrogância que lhe rotulam, do cinismo que sente nos olhos dos outros quando neles vê a sua alma, mas isso não o faz menos triste, menos farto, menos certo de que o tempo não vai abrir tão depressa.
Diria o mundo que ele está deprimido, que é uma pessoa negativa, mas jura que se lhe rotulassem mais uma vez… Bem se lhe rotulassem mais uma vez nada na verdade. E sabe que metade dos dedos que lhe são apontados poderia dizer likewise. Sorri, quase com prazer, quase com satisfação. Quase com alguma coisa.
E é na certeza do quanto é fantástico, do quanto tem uma vida muito boa, de que tem quase tudo o quer, que só queria que ou percebessem que o problema nunca está no problema em si, mas no modo como tentam perceber o que sente. Isso é que o fode. Totalmente.
Começa a chover e ele não sabe se realmente se quer cobrir debaixo do toldo do café ou se prefere esperar, esperar por ver se aquela chuva lhe lava a alma e leva com ela os seus lamentos. Sabe bem que não, mas mesmo assim tenta. E quando menos espera sente uma força que não controla, que sem que ele possa fazer nada para evitar, lhe move os músculos da cara. Se não soubesse que era incapaz de o fazer, diria que estava a sorrir.
Por isso.. nâu meh fodão o juhiso oq? Lah purke umma pezoah naum ezréve cum toudaz az cappahçidades qe teim, naum cigníffica qe naum u saihbba fasser qaràlhu!
Mái Nadah
Obrigado e um bem haja
Nisto, olho para o empregado de mesa e reparo que estranhamente ele tá com a mesma cara que o meu amigo. O seu modo pesado de andar, o esforço em ser simpático e atencioso com os clientes quando quase se podia jurar que nos olhos se vê uma imensa vontade de mandar tudo à merda, faz-me pensar que isto é no fundo uma epidemia, que este gajo deve estar a passar pelo mesmo, e depois ainda se espantam que metade do país está a anti-depressivos.
E pensar que eu já fui assim. E novamente aquela onda de alívio e felicidade por se saber agora realmente diferente, no fundo realmente livre.
Existem três grandes tipos de homens: os sentimentais, que amam profundamento, sofrem ainda mais largamente e são.. chatos. A sério pessoal não há pachorra para esta classe! Como amigos aturamos os dramas, as revoltas repetidas mil vezes, as lárgimas soltas ou contidas e sente-se, no fundo, pena de ver ali alguém que se está a prestar a figuras tristes e que ao contrário do que pensa não foi no momento que fez má figura, é agora ao comportar-se como um triste que realmente queima, melhor, assa a 10000º centigrados, a sua imagem. Claro que somos amigos e que em principio, dependendo da paciência de cada um e do tempo que o drama dura, a amizade não é questionável. Mas a sua imagem fica manchada e o modo como as pessoas vêem essa pessoa possivelmente arruinado o que como seres sociais preocupa a muita gente. No fundo esta é a razão que avanço para quem não sabe mais. Mas para quem sabe, deixem de ser egoístas por favor e pensem que se não gostarem de vocês mesmos, ninguém gostará.
Ninguém se interessa por um tipo dramático. Gostar-se por aquilo que se é, saber humildemente as qualidade e defeitos que temos e demonstrar confiança é fundamental. E por acaso resolve alguma coisa estar a chorar sobre leite derramado? Ok, não digo que não custe! Mas cada dia que perdem a chorar por alguém que declaradamente não gosta assim tanto de vocês e não tem a mesma preocupação, é à partida, uma estúpida perda de tempo. E ao contrário do que pensam, está ao vosso controlo saírem desse drama existencial. Acreditarem que depende de vocês e não dela ou do facto de ela vos dar mais uma hipótese, é um primeiro passo fundamental. Can't you see?
Ao segundo tipo aplica-se o mesmo espírito dramático se bem que encapotado. Ok mais simpático da vossa parte com o pessoal, mas fica a faltar a parte do "eu". Aqui aplica-se a mesma regra que aos anteriores. Ás vezes apetece-me chegar ao pé deste pessoal (mais do primeiro para ser honesto)dar dois estalos e dizer "get a grip on yourself", porque as vezes o pensar na situação, também se deve a um excesso de tempo livre. Pah ocupem-se, tomem cafés, leiam um livro, vejam um filme, whatever. Não deixem que o problema vos afecte! Onde está o vosso orgulho pah?
Quanto ao terceiro tipo, é todo ele vantagens. Amar? Pah só se ama quando se cria algo entre essas pessoas que o permite. Não se vai amar só porque ela é gira. O amor só é saudável se existir reciprocidade. E miuda X até pode ser gira e engraçada e louca, mas se não tá interessada em nós é pena mas segue-se em frente. Trata-se de levar a vida sem pressa vivendo o momento e aquilo que ela nos dá. Sem apressar ou pressas. E esta postura costuma dar imensos frutos! Há que se saber viver cada momento como a situação o exige. Não tem que se amar todas as miúdas que nos dão dois dedos de atenção!! Não é tanga acreditem, é só terem noção do que vale mesmo a pena que se perca tempo e uma rapariga que nos dispensou ou não quer nada connosco não entra claramente nessa categoria. Porque por cada uma que não gosta ou nos dispensa, existem dez para se passar uns bons momentos. Não neguem a lógica matemática! E não se está sempre bem! Dias maus todos temos, mas lida-se muito melhor com isso. Esta é uma lógica que mais que aos relacionamentos, se aplica à vida. À que se ser sensato.
Nisto percebo que tá na hora de ir para o trabalho e quando peço a conta, como aquele movimento de braço típico tanto do trolha como do banqueiro, que o empregado está agora encostado ao balcão com o ar mais desolado do mundo. Ainda bem que não sou eu.
A vida continua, a cada dia que passa mais nos aproximamo-nos do fim da linha. Não é o que sonhamos para ela que nos define mas sim o que nós fazemos dela. A resposta não está em viver no ontem, nem no amanhã, mas sim no hoje.
PS- Desculpem este último parágrafo ao estilo d' "As pontes de maddison county" ou muito Oprah. A todas as pessoas decentes fica já o meu pedido de desculpa lol
Naquelas primeiras horas matinais, enquanto toma banho, faz a barba, saí a rua em direcção ao serviço ou ao estudo e mesmo quando para no café para beber a bica da manhã e dar umas vista de olhos no jornal desportivo à procura de notícias do seu Benfica, pensa, sempre no plural sendo que o número depende do grau de pervertimento e/ou se teve sexo recentemente, no que fazia àquela matulona da secção de contabilidade ou à aquela colega que tem uma prateleira de fazer inveja ás do IKEA ou naquela contenda de ontem à noite que o opôs áquela gaja que andavamos a meses a querer fazer a folha ou à respeitosa namorada (que tem a lição na pota da língua.. literalmente). E isto em menos de de 2 horas.
O resto do dia ocupado com o trabalho, com um trabalho ou a tentar apanhar o que o prof disse sobre os pigmeus da Papua Nova Guiné e num esforço tremendo perceber o que é que esta merda tem a ver com o meu curso, mesmo aqui neste momento de esforço, pensamos sempre como a nossa chefe tá tão boa hoje ou como aquela colega que senta no outro lado da sala e sorri sempre para nós de um modo que nos faz pensar "o que tu queres sei eu" tá cumas mamas meu deus o que eu fazia com aquilo.
Quando as nossas obrigações profissionais ou estudantis acabam, caso não haja algum exame amanhã e mesmo assim ainda se arranja um tempinho, começamos 1 milésimo de segundo depois a pensar quem vai ser hoje, chances de sexo, cálculos de matemática avançada "to score".
Se tivermos namorada é tudo mais fácil, basta não provocar ou não deixar que nos provoquem ao ponto de começar daquelas discussões que já sabes que te vai obrigar a esforçar mais, se não temos alguém fixo, somos levados a ver as nossas opções e levar os cálculos de matemática avançada a outro nível. Depois de estarmos aliviados, mais leves e com muitas 625 calorias a menos, adormecemos. Se tudo correr bem ainda sonhamos com a Victoria Silvested a montar em nós como se nós fossemos o cavalo do Lucky Luke.
Eu não estou a dizer que sou assim, sou um ser mais complexo que isto, obviamente. Mas no fundo, um bocadinho mais um bocadinho menos, todos nós Homens somos assim.
Mai Nada
Miguel sente-se um zero à esquerda, um palhaço num circo de palhaços que não se reconhecem e ao espelho descobrem os outros, nunca eles mesmos, incapazes que estão de se ver. Miguel não sabe portanto se o mal está em si ou no mundo a sua volta. Será ele mesmo um falhado ou serão os outros que estão enganados?
Enquanto pede uma bica, pode-se ver no silêncio que antecede e sucede esse momento, como poucas vezes se vê tão distintamente, o peso do mundo às suas costas. Tendo noção da pequenez dos seus problemas face a crianças que morrem em África de fome ou mulheres que são assassinadas por crimes de honra cometidos contra "a sociedade", Miguel sente, contudo, profunda necessidade de reflectir sobre este peso, este fardo que lhe torna a respiração dificil e que lhe corrói por dentro.
Dá um ultimo golo no café, repara no barulho das mesas à sua volta, nos sorrisos, tédios e ódios que em qualquer espaço onde se encontrem mais de 5 pessoas se pode sempre encontrar. E pensa no que se resume a sua vida. No fundo somos movidos acima de tudo pelos nossos desejos, pela necessidade de os satisfazer e temos a tendência de revestir acções, atitudes e vontades com palavras e princípios tão mais belos quanto a importância do desejo. Se assim é o que é a realidade? E será que alguém vive ou sobrevive na realidade? Não viveremos todos no mundo de sonho, do autista, ao esquizofrénico passando por nós que somos "sãos de mente e espírito"?
Então nada mais faz sentido. O amor e a paixão são ilusões que deixam sempre uma cicatriz e, pior que isso, uma cicatriz que demora sempre o que nos parece ser uma eternidade a fechar. E não sendo uma eternidade, será sempre tempo perdido de uma vida que num ápice pode terminar.
Amar, ou pensar que se ama, acredita Miguel, que se não for bem calculado e pesado na balança será um risco enorme para o qual é preciso estofo, que com o tempo vamos perdendo ou ganhando consoante os casos. E logo Miguel que sempre se guiou pela racionalidade e consequentemente sempre acabou por se apaixonar por quem, após conhecer bem, partilhava valores e interesses, sendo esta a sua salvaguarda aquilo que o fazia sentir superior em relação aos sentimentalóides
A verdade é que Miguel não consegue lidar com o fim das coisa. Miguel amou muito recentemente e embora já não ame e odeie a pessoa que amou, não deixa contudo de.. a amar. E por todo e cada erro seu e não seu mas que o magoou, Miguel acorda de manhã com todos eles.
São o seu mundo. Este é o seu fardo.
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