Miguel acordou pesado hoje.. Demasiados sonhos, demasiados erros dos quais ainda não se perdoou e outros que ainda não perdoou a pessoas de quem gosta muito. Mas o que lhe preocupava mesmo enquanto fazia a barba, tomava banho, durante o pequeno almoço e saía a passo leve em direcção ao café onde aquele calor lhe sabia tão bem em contraste com o gelo da rua, não era tanto o que os outros lhe tinham magoado, mas porque não os conseguía perdoar e, mais importante que isso, porque não se conseguía perdoar.
Miguel sente-se um zero à esquerda, um palhaço num circo de palhaços que não se reconhecem e ao espelho descobrem os outros, nunca eles mesmos, incapazes que estão de se ver. Miguel não sabe portanto se o mal está em si ou no mundo a sua volta. Será ele mesmo um falhado ou serão os outros que estão enganados?
Enquanto pede uma bica, pode-se ver no silêncio que antecede e sucede esse momento, como poucas vezes se vê tão distintamente, o peso do mundo às suas costas. Tendo noção da pequenez dos seus problemas face a crianças que morrem em África de fome ou mulheres que são assassinadas por crimes de honra cometidos contra "a sociedade", Miguel sente, contudo, profunda necessidade de reflectir sobre este peso, este fardo que lhe torna a respiração dificil e que lhe corrói por dentro.
Dá um ultimo golo no café, repara no barulho das mesas à sua volta, nos sorrisos, tédios e ódios que em qualquer espaço onde se encontrem mais de 5 pessoas se pode sempre encontrar. E pensa no que se resume a sua vida. No fundo somos movidos acima de tudo pelos nossos desejos, pela necessidade de os satisfazer e temos a tendência de revestir acções, atitudes e vontades com palavras e princípios tão mais belos quanto a importância do desejo. Se assim é o que é a realidade? E será que alguém vive ou sobrevive na realidade? Não viveremos todos no mundo de sonho, do autista, ao esquizofrénico passando por nós que somos "sãos de mente e espírito"?
Então nada mais faz sentido. O amor e a paixão são ilusões que deixam sempre uma cicatriz e, pior que isso, uma cicatriz que demora sempre o que nos parece ser uma eternidade a fechar. E não sendo uma eternidade, será sempre tempo perdido de uma vida que num ápice pode terminar.
Amar, ou pensar que se ama, acredita Miguel, que se não for bem calculado e pesado na balança será um risco enorme para o qual é preciso estofo, que com o tempo vamos perdendo ou ganhando consoante os casos. E logo Miguel que sempre se guiou pela racionalidade e consequentemente sempre acabou por se apaixonar por quem, após conhecer bem, partilhava valores e interesses, sendo esta a sua salvaguarda aquilo que o fazia sentir superior em relação aos sentimentalóides
A verdade é que Miguel não consegue lidar com o fim das coisa. Miguel amou muito recentemente e embora já não ame e odeie a pessoa que amou, não deixa contudo de.. a amar. E por todo e cada erro seu e não seu mas que o magoou, Miguel acorda de manhã com todos eles.
São o seu mundo. Este é o seu fardo.
Miguel sente-se um zero à esquerda, um palhaço num circo de palhaços que não se reconhecem e ao espelho descobrem os outros, nunca eles mesmos, incapazes que estão de se ver. Miguel não sabe portanto se o mal está em si ou no mundo a sua volta. Será ele mesmo um falhado ou serão os outros que estão enganados?
Enquanto pede uma bica, pode-se ver no silêncio que antecede e sucede esse momento, como poucas vezes se vê tão distintamente, o peso do mundo às suas costas. Tendo noção da pequenez dos seus problemas face a crianças que morrem em África de fome ou mulheres que são assassinadas por crimes de honra cometidos contra "a sociedade", Miguel sente, contudo, profunda necessidade de reflectir sobre este peso, este fardo que lhe torna a respiração dificil e que lhe corrói por dentro.
Dá um ultimo golo no café, repara no barulho das mesas à sua volta, nos sorrisos, tédios e ódios que em qualquer espaço onde se encontrem mais de 5 pessoas se pode sempre encontrar. E pensa no que se resume a sua vida. No fundo somos movidos acima de tudo pelos nossos desejos, pela necessidade de os satisfazer e temos a tendência de revestir acções, atitudes e vontades com palavras e princípios tão mais belos quanto a importância do desejo. Se assim é o que é a realidade? E será que alguém vive ou sobrevive na realidade? Não viveremos todos no mundo de sonho, do autista, ao esquizofrénico passando por nós que somos "sãos de mente e espírito"?
Então nada mais faz sentido. O amor e a paixão são ilusões que deixam sempre uma cicatriz e, pior que isso, uma cicatriz que demora sempre o que nos parece ser uma eternidade a fechar. E não sendo uma eternidade, será sempre tempo perdido de uma vida que num ápice pode terminar.
Amar, ou pensar que se ama, acredita Miguel, que se não for bem calculado e pesado na balança será um risco enorme para o qual é preciso estofo, que com o tempo vamos perdendo ou ganhando consoante os casos. E logo Miguel que sempre se guiou pela racionalidade e consequentemente sempre acabou por se apaixonar por quem, após conhecer bem, partilhava valores e interesses, sendo esta a sua salvaguarda aquilo que o fazia sentir superior em relação aos sentimentalóides
A verdade é que Miguel não consegue lidar com o fim das coisa. Miguel amou muito recentemente e embora já não ame e odeie a pessoa que amou, não deixa contudo de.. a amar. E por todo e cada erro seu e não seu mas que o magoou, Miguel acorda de manhã com todos eles.
São o seu mundo. Este é o seu fardo.
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